sexta-feira, 1 de março de 2019

Coleções Virtuais: Ferramentas Didáticas no Ensino de Botânica

          Botânica vem do termo grego botané e significa “gras” ou “erva” e foi utilizado pela primeira vez, no século I, por Dioskorides que definiu Botânica como a ciência que estuda as plantas. Porém, àquela época a botânica era a ciência que estudava as plantas úteis ao homem, principalmente, as ervas e forrageiras (BRESINSKY et al, 2012).
Na atualidade a botânica é a ciência que estuda as plantas em todos os seus aspectos, sejam eles fisiológicos, morfológicos, ecológicos, evolutivos e especialmente taxonômicos.  As plantas são organismos essenciais para a manutenção da vida na terra. Elas são fundamentais na produção de oxigênio necessário à sobrevivência de todos os organismos aeróbios, além disso, são exploradas como fonte de matéria-prima para a produção de móveis, vestimentas, medicamentos, fonte de energia, alimento, dentre outros.
            Apesar da relevância das plantas, o ensino de Botânica atualmente é marcado por uma série de entraves e dificuldades, não só por parte dos alunos, mas principalmente pelos professores. Pesquisas realizadas por Amaral (2003), Bitencourt (2009), Oliveira (2007), Santos (2012) e Silva (2013) revelam que o estudo das plantas é considerado muito complexo, e que os professores apresentam grande dificuldade na abordagem dos assuntos, gerando dificuldade de assimilação dos conteúdos pelos alunos. Tais dificuldades, encontradas pelos professores, de acordo com Silva (2013), deve-se, na maioria das vezes, à formação que estes receberam durante sua preparação acadêmica.
De acordo com Silva (2008) o ensino de Botânica na atualidade, muitas vezes é feito com base em conteúdos específicos e complexos, listas de nomes científicos e de palavras totalmente desconhecidos pelos alunos e dificilmente empregadas no seu cotidiano.
Segundo Ramos (2012), algumas limitações do ensino de Botânica, dentro do contexto escolar, são ocasionadas por abordagens superficiais e por meio da memorização de termos específicos, o que pode levar a um ensino restrito à transmissão de informações e nomenclaturas de maneira descontextualizada, ambiental e socialmente. Ainda de acordo com Fagundes e Gonzáles (2006) um ensino baseado na mera exposição de informações não corresponde aos interesses de um grupo estudantil que compartilha avanços tecnológicos, chegando a provocar o desinteresse por partes dos alunos.
            Sendo assim cabe ao professor buscar ferramentas pedagógicas inovadoras e que favoreçam a contextualização do ensino de Botânica. Santin e Roza (2010) alertam para a necessidade do que é assimilado pelo aluno na sala de aula esteja relacionado com o que ele vivência. Kato e Kawasaki (2011, p. 37) enfatizam que “trazer os contextos de vivência dos alunos para os contextos de aprendizagem torna-se um importante fator de aprendizagem, pois dá sentido aos conhecimentos aprendidos”.
O uso de metodologias inovadores, da contextualização do ensino, da investigação por parte dos alunos e da experimentação, são algumas das possibilidades de modificação desse cenário. Destro desta perspectiva, o uso das coleções biológicas como ferramenta didáticas podem contribuir positivamente para o ensino de botânica nas escolas públicas.
Coleção biológica pode ser entendida como um conjunto de organismos ou parte deles, preservados fora do ambiente natural, cujos componentes são preparados e organizados de modo a informar a procedência e identificação de cada espécime. Estes acervos além de servirem como repositórios de material biológico para a pesquisa científica também auxiliam nas atividades de ensino (ARANDA, 2014).
A montagem e o uso de coleções biológicas podem subsidiar o ensino de botânica, não só em atividades descritivas e de observação, mas também podem despertar a curiosidade dos alunos, instigar os mesmos a pensar de forma crítica e a atuar ativamente no processo de construção do conhecimento.
De acordo com Wommer (2013) as coleções biológicas podem tornar o ensino mais significativo e atrativo, permitindo que o aluno possa coletar e manusear o material estudado. Esse contato com os espécimes pode contribuir para que o aprendizado seja mais efetivado e o aluno torne-se protagonista no processo de construção do seu conhecimento.
No momento em que a relação direta entre os alunos e o material de estudo ocorre dentro da realidade vivenciada pelos mesmos, do seu cotidiano, em um ambiente natural familiar e mediante a observação e manipulação das características morfológicas das plantas de sua região, o professor poderá fazer a contextualização do ensino de Botânica, bem como estimular o interesse dos alunos pela busca de novos conhecimentos. As coleções biológicas podem despertam nos alunos o interesse em descobrir novos conhecimentos a partir do que eles já conhecem (WOMMER, 2013).
Nesse contexto, o projeto teve como objetivo propor o uso de coleções virtuais como forma de contribuir para o processo de contextualização do ensino de Botânica. O referido trabalho estabeleceu relações entre os conteúdos abordados em sala de aula e a realidade vivenciada pelos alunos, através do conhecimento e valorização da biodiversidade vegetal da região, dentro desta perspectiva foram realizadas exposições teóricas, debates sobre a importância econômica, ecológica e a necessidade de conservação das espécies nativas do bioma Caatinga.
Ainda foram realizadas aulas de campo para o registro fotográfico  e  a coleta de espécimes destinadas a preparação de coleções biológicas, que estão disponibilizadas no presente blog na forma de coleção virtuais, a fim de promover uma interação direta entre os alunos e as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), e assim contribuir significativamente para a construção de uma aprendizagem mais dinâmica e ativa. A pesquisa foi realizada em três turmas de terceira série do ensino médio,  nos turnos manhã e tarde de uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, localizada no Município de Bonito de Santa Fé no alto sertão da Paraíba.

REFERÊNCIAS

AMARAL, R. A. Problemas e limitações enfrentadas pelo corpo docente do ensino médio, da área de biologia, com relação ao ensino de botânica em Jequié – BA. (Monografia de graduação). UESB/Jequié, 2003.

ARANDA, A. T. Coleções Biológicas: Conceitos básicos, curadoria e gestão, interface com a biodiversidade e saúde pública. Disponível em:http://www.sambio.org.br/simbioma/simbioma%20iii/03.pdf. Acesso em: 25/06/2018.

BITENCOURT, I. M. As plantas na percepção dos alunos do Ensino Fundamental no município de Jequié – BA. (Monografia de graduação). UESB/Jequié, 2009.

BITENCOURT, I. M. A botânica no ensino médio: análise de uma proposta didática baseada na abordagem CTS. 2013. 152 F. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Formação de Professores) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié. 2013.

BRESINSKY A.; KÖRNER C.; KADEREIT J. W.; NEUHAUS G.; SONNENWALD U. Tratado de botânica de Strasburger. 36ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2012. 1166p.

FAGUNSDES, J. A.; GONZALES, C. E. F. Herbário escolar: suas contribuições ao estudo
da Botânica no Ensino Médio. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1675-8.pdf. Acesso em: 18/09/2017.

KATO, D. S.; KAWASAKI, c. S. As concepções de contextualização do ensino em documentos curriculares oficiais e de professores de ciências. Ciência e Educação. v. 17, n. 1, p. 35-50, 2011

OLIVEIRA, S. A. A formação do professor de biologia e o conteúdo de Botânica ensinado nas escolas de Jequié. (Monografia de graduação). UESB/Jequié, 2007.

RAMOS, F. Z. Limitações e contribuições da mediação de conceitos de botânica no contexto escolar. 2012. 147 F. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências ) Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande. 2012.

SANTIN, D.; ROZA, N. L. Botânica no ensino médio: uma análise Metodológica com ênfase nas aulas práticas. 2010. 39 F. Monografia. Universidade Comunitária Regional de Chapecó-Unochapecó, Capecó. 2010.

SANTOS, R. M. A prática pedagógica do ensino de Botânica nas escolas do município de Jequié – BA. (Monografia de graduação). UESB/Jequié, 2012.

SILVA, P. G. P. O ensino da botânica no nível fundamental: um enfoque nos procedimentos metodológicos. 2008. 146 F. Tese (Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência) Universidade Estadual Paulista, Bauru. 2008.

SILVA, J. R. S. Concepções dos professores de Botânica sobre o ensino e a formação de professores (Tese de Doutorado). São Paulo: Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo - Departamento de Botânica. 208p. 2013.


WOMMER, F. G. B. Coleções biológicas como estratégias para a educação ambiental.(Monografia de especialização). Universidade federal de Santa Maria, Santa Maria, RS. 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário