Botânica vem do termo grego botané e
significa “gras” ou “erva” e foi utilizado pela primeira vez, no século I, por
Dioskorides que definiu Botânica como a ciência que estuda as plantas. Porém,
àquela época a botânica era a ciência que estudava as plantas úteis ao homem,
principalmente, as ervas e forrageiras (BRESINSKY et al, 2012).
Na atualidade a botânica é a
ciência que estuda as plantas em todos os seus aspectos, sejam eles
fisiológicos, morfológicos, ecológicos, evolutivos e especialmente taxonômicos. As
plantas são organismos essenciais para a manutenção da vida na terra. Elas são
fundamentais na produção de oxigênio necessário à sobrevivência de todos os
organismos aeróbios, além disso, são exploradas como fonte de matéria-prima
para a produção de móveis, vestimentas, medicamentos, fonte de energia,
alimento, dentre outros.
Apesar
da relevância das plantas, o ensino de Botânica atualmente é marcado por uma
série de entraves e dificuldades, não só por parte dos alunos, mas
principalmente pelos professores. Pesquisas realizadas por Amaral (2003),
Bitencourt (2009), Oliveira (2007), Santos (2012) e Silva (2013) revelam que o
estudo das plantas é considerado muito complexo, e que os professores
apresentam grande dificuldade na abordagem dos assuntos, gerando dificuldade de
assimilação dos conteúdos pelos alunos. Tais dificuldades, encontradas pelos
professores, de acordo com Silva (2013), deve-se, na maioria das vezes, à
formação que estes receberam durante sua preparação acadêmica.
De acordo com Silva (2008) o
ensino de Botânica na atualidade, muitas vezes é feito com base em conteúdos
específicos e complexos, listas de nomes científicos e de palavras totalmente
desconhecidos pelos alunos e dificilmente empregadas no seu cotidiano.
Segundo Ramos (2012), algumas
limitações do ensino de Botânica, dentro do contexto escolar, são ocasionadas
por abordagens superficiais e por meio da memorização de termos específicos, o
que pode levar a um ensino restrito à transmissão de informações e
nomenclaturas de maneira descontextualizada, ambiental e socialmente. Ainda de
acordo com Fagundes e Gonzáles (2006) um ensino baseado na mera exposição de
informações não corresponde aos interesses de um grupo estudantil que
compartilha avanços tecnológicos, chegando a provocar o desinteresse por partes
dos alunos.
Sendo
assim cabe ao professor buscar ferramentas pedagógicas inovadoras e que
favoreçam a contextualização do ensino de Botânica. Santin e Roza (2010)
alertam para a necessidade do que é assimilado pelo aluno na sala de aula
esteja relacionado com o que ele vivência. Kato e Kawasaki (2011, p. 37)
enfatizam que “trazer os contextos de vivência dos alunos para os contextos de
aprendizagem torna-se um importante fator de aprendizagem, pois dá sentido aos
conhecimentos aprendidos”.
O uso de metodologias inovadores,
da contextualização do ensino, da investigação por parte dos alunos e da
experimentação, são algumas das possibilidades de modificação desse cenário.
Destro desta perspectiva, o uso das coleções biológicas como ferramenta didáticas
podem contribuir positivamente para o ensino de botânica nas escolas públicas.
Coleção biológica pode ser
entendida como um conjunto de organismos ou parte deles, preservados fora do
ambiente natural, cujos componentes são preparados e organizados de modo a
informar a procedência e identificação de cada espécime. Estes acervos além de
servirem como repositórios de material biológico para a pesquisa científica
também auxiliam nas atividades de ensino (ARANDA, 2014).
A montagem e o uso de coleções
biológicas podem subsidiar o ensino de botânica, não só em atividades
descritivas e de observação, mas também podem despertar a curiosidade dos
alunos, instigar os mesmos a pensar de forma crítica e a atuar ativamente no
processo de construção do conhecimento.
De acordo com Wommer (2013) as
coleções biológicas podem tornar o ensino mais significativo e atrativo,
permitindo que o aluno possa coletar e manusear o material estudado. Esse
contato com os espécimes pode contribuir para que o aprendizado seja mais efetivado
e o aluno torne-se protagonista no processo de construção do seu conhecimento.
No momento em que a relação
direta entre os alunos e o material de estudo ocorre dentro da realidade
vivenciada pelos mesmos, do seu cotidiano, em um ambiente natural familiar e
mediante a observação e manipulação das características morfológicas das
plantas de sua região, o professor poderá fazer a contextualização do ensino de
Botânica, bem como estimular o interesse dos alunos pela busca de novos
conhecimentos. As coleções biológicas podem despertam nos alunos o interesse em
descobrir novos conhecimentos a partir do que eles já conhecem (WOMMER, 2013).
Nesse contexto, o projeto teve como objetivo propor o uso de coleções virtuais como forma de contribuir para o
processo de contextualização do ensino de Botânica. O referido trabalho estabeleceu relações entre os conteúdos abordados em sala de aula e a
realidade vivenciada pelos alunos, através do conhecimento e valorização da
biodiversidade vegetal da região, dentro desta perspectiva foram realizadas
exposições teóricas, debates sobre a importância econômica, ecológica e a
necessidade de conservação das espécies nativas do bioma Caatinga.
Ainda foram realizadas aulas de
campo para o registro fotográfico e a coleta de espécimes
destinadas a preparação de coleções biológicas, que estão disponibilizadas no presente blog na forma de coleção
virtuais, a fim de promover uma interação direta entre os alunos e as
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), e assim contribuir
significativamente para a construção de uma aprendizagem mais dinâmica e
ativa. A pesquisa foi realizada em três turmas de terceira série do
ensino médio, nos turnos manhã e tarde de uma Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Médio, localizada no Município de Bonito de Santa Fé no alto
sertão da Paraíba.
REFERÊNCIAS
AMARAL, R. A. Problemas e
limitações enfrentadas pelo corpo docente do ensino médio, da área de biologia,
com relação ao ensino de botânica em Jequié – BA. (Monografia de
graduação). UESB/Jequié, 2003.
ARANDA, A. T. Coleções Biológicas:
Conceitos básicos, curadoria e gestão, interface com a biodiversidade e saúde
pública. Disponível em:http://www.sambio.org.br/simbioma/simbioma%20iii/03.pdf. Acesso
em: 25/06/2018.
BITENCOURT, I. M. As plantas na
percepção dos alunos do Ensino Fundamental no município de Jequié – BA. (Monografia
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BITENCOURT, I. M. A botânica no
ensino médio: análise de uma proposta didática baseada na abordagem CTS. 2013.
152 F. Dissertação (Programa
de Pós-Graduação em Educação Científica e Formação de Professores) Universidade
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BRESINSKY A.; KÖRNER C.; KADEREIT J. W.; NEUHAUS G.;
SONNENWALD U. Tratado
de botânica de Strasburger. 36ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2012. 1166p.
FAGUNSDES, J. A.; GONZALES, C. E. F. Herbário
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http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1675-8.pdf. Acesso
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KATO, D. S.; KAWASAKI, c. S. As concepções de
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OLIVEIRA, S. A. A formação do
professor de biologia e o conteúdo de Botânica ensinado nas escolas de Jequié. (Monografia
de graduação). UESB/Jequié, 2007.
RAMOS, F. Z. Limitações e
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SANTOS, R. M. A prática pedagógica
do ensino de Botânica nas escolas do município de Jequié – BA. (Monografia
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no nível fundamental: um enfoque nos procedimentos metodológicos. 2008. 146
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Estadual Paulista, Bauru. 2008.
SILVA, J. R. S. Concepções dos
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de Doutorado). São Paulo: Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo
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WOMMER, F. G. B. Coleções biológicas
como estratégias para a educação ambiental.(Monografia de especialização).
Universidade federal de Santa Maria, Santa Maria, RS. 2013.
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